domingo, 14 de novembro de 2010

AMIZADE NÃO TEM PREÇO



O VALIOSO TESOURO DO REI








Um rei recebeu a notícia de que um amigo que governava um reino distante havia falecido deixando-lhe, em testamento, um valioso presente. Ainda abalado com a notícia, reuniu seus conselheiros e designou, entre eles aquele a quem confiaria a incumbência de fazer a jornada que traria tal tesouro.

O conselheiro escolhido, sabendo das dificuldades que encontraria pelo caminho, organizou uma caravana bem equipada e partiu. Durante meses, percorreu terras inóspitas, enfrentou saqueadores, passou até privações, mas conseguiu retornar com a presente a salvo.

Reunida toda a corte, o rei recebeu, embrulhado num manto, um pequeno baú
ricamente ornamentado. Abriu-o e, para surpresa geral, retirou de dentro um belíssimo cálice, lendo em seguida a oferta do amigo rei: um cálice de diamante para um amigo que vale ouro.

Entretanto, um outro conselheiro, invejoso da façanha e do prestígio do colega
escolhido para a viagem, chegou junto ao rei e sussurrou um poderoso veneno:
- Majestade, quem garante que esse é o cálice verdadeiro? E se vosso escolhido o trocou por um cálice de cristal, como sabê-lo?

Tomado pela intriga, o rei imediatamente chamou todos os sábios da corte e
designou que eles dissessem como saber se aquele cálice era realmente de diamante e não de cristal. Houve um alvoroço geral. Os sábios se recolheram, confabularam, consultaram seus escritos antigos e retornaram dizendo:
- Majestade, infelizmente não existem instrumentos para identificar cristais e
diamantes depois de lapidados. A única maneira de diferenciá-los seria quando se quebrassem: o cristal se parte em pequenos pedaços, o diamante, em pedaços grandes.

Diante do impasse que tomou o recinto o rei fez um gesto que chamou a atenção de todos. Pegou o cálice delicadamente e levantou-o para que todos o vissem. Em seguida, em meio ao espanto, soltou-o contra o mármore brilhoso sobre o qual pisavam.

O cálice girou sobre si mesmo e caiu vertiginosamente em direção ao assoalho,
quebrando-se apenas em três partes grandes, comprovando a teoria dos sábios. Mediante o silêncio, ouviu-se alguém comentar:
- Majestade, o senhor perdeu o cálice?!
- Mas, ganhei a certeza de que tenho um amigo de verdade – retrucou o rei:
- Posso colar o cálice, mas uma amizade traída não se consertaria jamais.







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