sábado, 13 de novembro de 2010

KUNG FU TSE




O PRÍNCIPE E O FIlÓSOFO






O príncipe Hi-Chang-Li era vaidoso e fútil. Um dia, ao regressar de um passeio em companhia de vários amigos, encontrou Confúcio. O venerável filósofo, sentado na laje de um poço, meditava tranqüilo. - Eis uma oportunidade feliz - declarou o príncipe. Consultemos esse pensador famoso sobre as dúvidas que nos ocorreram durante a nossa excursão. Um dos mandarins aproximou-se de Confúcio e interrogou-o: - Em que consiste, ó esclarecido filósofo, a verdadeira caridade? - Em amar os homens! - foi a resposta. - E a Ciência? - Em conhecer os homens! - E o erro? - Em confiar nos homens! - E qual a arte mais difícil? - Governar os homens! Ao ouvir aquelas respostas, disse o príncipe, em voz baixa, ao mandarim: - Noto que o velho retórico insiste em formular as respostas da mesma forma, relacionando-as, invariavelmente, com os homens. Irrita-me essa preocupação maníaca. Pretende, com certeza, divertir-se à nossa custa. É preciso interroga-lo de modo que ele se veja obrigado a modificar o estribilho. - Nada mais simples - rosnou, entre dentes, o mandarim. E dirigindo-se, em voz alta, ao sábio: Podes dizer-me, o eloqüente filósofo, quantas estrelas há no céu? Respondeu o Mestre: - São tantas quantos os pecados, erros, defeitos e impertinências dos homens! E, depois de proferir tais palavras, levantou-se vagaroso e afastou-se dos indesejáveis argüidores. 





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